Sem jogo

A gente tenta, a todo custo, parecer interessante para o outro e arrumamos mil arranjos para que isso realmente se faça: vinho, hotel, viagem, pousada, lingerie, perfume. Tentamos de todas as formas arrumar maquiagens que nos façam parecer o que não somos. Ou, então, que pareçamos ser melhores do que realmente somos. É uma tentativa quase que incansável de sedução. Um pensamento errôneo de que o outro só vai gostar de nós se fizermos muito, se mostrarmos muito, se seduzirmos muito, se oferecermos muito.

Isso nada mais é que controle! E um controle em vão, pois o que tentamos controlar, na verdade, é justamente o que o outro mais deseja em nós: nós mesmos! Isso explica, talvez, porque muitos relacionamentos naufragam antes mesmo de ir pra frente. O outro deseja a gente como a gente é. E nós tentamos a todo custo parecer diferentes daquilo que somos. Uma disritmia de demanda e oferta. Um chute na trave. Um ponto sem nó. Um pão sem fermento.

Afinal, queremos é estar perto de gente de verdade, de gente legal, que agregue, que seja sincera e que, sobretudo, saiba lidar com suas fraquezas e sombras! É lógico que um mimo vez ou outra cai muito bem. Não estamos falando de não cuidar dos relacionamentos e deixar o leme solto. Não, nada disso! Fazer a manutenção do amor é necessidade diária. O que queremos dizer é sobre ser você mesmo, sem prender-se a padrões, sem fazer jogo de sedução, sem comportar-se como manda alguma regra, que alguém, em determinado momento, inventou.

Não se preocupe, quanto mais você soltar o controle, mais você será você e mais as pessoas vão sentir vontade de se aproximar. O mundo carece de gente de coração vivo e pulsante. Gostamos da espontaneidade dos atos verdadeiros, mesmo que às vezes pareçam ridículos, mesmo que sejam permeados de erros e fraquezas. Portanto, dê adeus aos jogos e seja você! Pessoas incríveis e surpreendentes vão aparecer, pode acreditar.