O valor do que suas mãos podem fazer

Houve um tempo em que o pão que se comia em família era feito em casa. As roupas das crianças eram costuradas pelas próprias mães. As hortaliças saiam da horta no fundo do quintal. A decoração da casa era criada com os materiais que havia à disposição. O natural era fazer, construir e criar a partir dos recursos que existiam.

Nesses tempos de hoje, velozes, quando impera o consumismo, a indústria, o pronto e o pasteurizado, percebemos que o ato de fazer coisas, de construir peças, de tear panos, de criar algo concreto a partir do nada ficou fora de moda. O capitalismo foi incutindo na cabeça da sociedade que a indústria é capaz de produzir tudo e que nosso papel é apenas consumir. Ou seja, ganhe dinheiro e compre!

Nessa toada, perdemos o conceito das atividades manuais, da criação em pequena escala, que remete ao familiar, àquele conjunto de pessoas que se reúne em torno de algo com o mesmo intuito. Os produtos manufaturados, seja para nós mesmos ou para comercialização, têm um quê de cuidado e amor. Isso por que o artesanato funciona como um elo de ligação entre pessoas. Elas, juntas ou sozinhas – fazendo algo para outro -, dedicam tempo, atenção e carinho a cada fio costurado, a cada pincelada pintada, a cada ponto amarrado, a cada cebola picada.

É hora de voltarmos alguns passos para trás e resgatarmos o prazer de fazer nossas próprias coisas. É claro que os tempos são outros e é bem provável que não consigamos produzir tudo o que consumimos, mas muitas coisas são possíveis, sim! Tente fazer o jantar com seus filhos algumas noites na semana, planeje com sua esposa remodelar um cômodo da casa, faça com sua mãe uma blusa de lã para o frio. Com certeza vocês ganharão não só coisas novas, mas alegrias novas e surpreendentes em seu dia.