Mude! Mas, mude com consciência

Ao menor sinal de tédio, mesmice, incômodo ou rotina Luísa resolvia mudar. Cortava o cabelo na nuca quando terminava um relacionamento, trocava subitamente de emprego após uma pequena discussão com o chefe, mudava de cidade após seus conflitos internos começarem a gritar. Luísa não tinha medo das mudanças e aventurava-se ao novo constantemente, quase que se jogando de ponta.

Acomodar-se na vida é um problema, mas há pessoas, como Luísa, que quando sentem algum desconforto ou vazio resolvem mudar. Seja de emprego, de visual, de namorado. E assim vivem pingando de um lado para o outro, sem terem a oportunidade de se fixarem em locais, projetos ou relacionamentos, o que pode ser bastante ruim, afinal para algumas conquistas serem concretizadas o tempo é necessário.

Tudo nesta vida precisa de um período para começar, mais um para se aplainar e outro ainda para se solidificar. Ninguém, afinal, entra em um emprego ou abre um negócio e começa a ter sucesso e a ganhar rios de dinheiro instantaneamente. Da mesma forma, muito difícil chegar em uma nova cidade e de cara se adaptar, fazer amigos, se encontrar nas ruas e cruzamentos da nova morada. É preciso tempo e vivência para que as coisas entrem nos eixos, para que fluam, para que a energia, então no prumo do novo funcionamento, comece a circular de forma satisfatória e contínua.

Se a cada sinal de dificuldade a gente sair correndo e resolver mudar, esse tempo nunca será atingido e fatalmente teremos uma horrível sensação de não dar certo em nada. Sentimentos como frustração, incapacidade e baixa auto-estima poderão aparecer, tornando as coisas ainda mais difíceis.

O ideal é entender os ciclos, ter em mente que todos os começos têm seus desafios naturais e que algumas dificuldades fazem parte de novas empreitadas. É preciso ter foco e força para se manter no caminho que escolheu, pois no momento certo, quando o fruto estiver maduro, naturalmente as coisas entrarão nos eixos e será possível fazer a colheita daquilo que se plantou. Quem não espera o crescimento nunca colhe seus feitos, vivendo apenas no trabalho eterno da plantação. E aí, convenhamos, viver só plantando, sem nunca colher, é tarefa das mais desanimadoras, não é mesmo?!?